sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Franz, o egoísta

No outono de 1968, eu exalava inspiração: conseguia escrever sem bloqueios, sem empecilhos e em todas as noites daquele tempo, as teclas da minha máquina de escrever podiam ser ouvidas em harmonia com as melhores canções de blues da estação de rádio. Mas, foi então que lembrei que não estava mais naqueles tempos dourados, e, agora, tudo o que eu tinha era um último maço de cigarro e uns trocados no bolso.
A máscara da infância caiu e com isso, a ingenuidade e leveza que antes podiam ser notadas a cada palavra dita pela minha boca, já não existem mais. O mundo não é mais dos espertos, mas sim dos gananciosos e como não quero nada, este mundo não pode ser meu e tampouco é minha intenção me apropriar dele. Oras, eu sou só mais um ser humano frustrado. Não conheço e não quero outra denominação que não seja esta.
O que me resta é passar horas deitado olhando para o teto, deixando as cinzas do meu cigarro cair sobre o lençol de minha cama, talvez com a falsa ilusão de que consiga atingir o nirvana, ou que talvez algum desconhecido venha me salvar do meu pior inimigo.
Meu nome? Franz. Nunca conheci e nunca hei de conhecer um inimigo tão cruel e avassalador que seja capaz de me encher com dúvidas sobre a vida, matar lentamente o meu niilismo e transformar cada dia em uma eterna batalha, como faz a minha mente.
Meu nome? Egoísmo. Seja lá o que eu fiz na outra vida, minha missão desta vez é apenas pagar o preço.

Louis C.

1 comentários:

Perla disse...

adoreii Louis...
mando muito bem!!

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