sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Todo artista precisa aperfeiçoar-se

E seguiram-se os dias. Lucius repetiu o que fez à Lucretia mais duas vezes, com os próximos nomes da lista, porém um ainda vivia, sim, o último da lista: Marcus
Marcus era um jovem que vivia dentro da casa da família de Lucius, considerava-se amigo íntimo da família, porém sempre viu algo estranho na personalidade mórbida de Lucius. Lucius, achava que Marcus representava uma ameaça constante, por sempre levantar comentários e questionamentos sobre as ações de Lucius. Sim, isto deveria parar.
Lucius pensa consigo:
-Vou me livrar de Marcus tão certo quanto como me livrei de Lucretia, Petrus e Drusilus, porém algo me incomoda desta vez. Não me sinto satisfeito em apenas cravar uma faca no peito deles, queimá-los e dispersar as cinzas. Preciso aperfeiçoar-me, encontrar novas maneiras de me satisfazer.
Durante um tempo, ele apenas estudou novas maneiras de como aperfeiçoar-se e percebeu que a única maneira de conseguir isso seria na prática, no calor do momento sempre surgem as melhores idéias. Não via a hora de matar novamente, porém achou melhor agir com mais cautela e decidiu sanar sua sede por sangue com a arte primitiva da caça de animais.
Todo aperfeiçoamento exige tempo, então ele se viu obrigado à sair de casa e começar à trabalhar, morando sozinho ele poderia ter o tempo que quisesse para pensar e fazer aquilo que bem entendesse como certo. E se seguiram 2 anos sem nenhuma morte pela sua faca, conseguiu se estabilizar financeiramente, morando numa casa de porte médio e com um carro na garagem, não tão bonito, mas com um porta-malas grande o suficiente para caber suas ferramentas e um corpo, pensado para evitar transtornos como os das outras vezes, sempre um pedaço do saco ficava de fora, agora não mais.
Sentiu-se mais uma vez preparado, já sabia onde Marcus estava morando e agora ele deveria apenas partir para o ataque. E foi isso que ele fez. Cuidadosamente limpou sua faca até que pudesse ver o reflexo de seu rosto nela, preparou as outras ferramentas e colocou tudo no carro. Já eram 00:00 e ele estava dirigindo para a casa de Marcus, que ainda morava com os pais.
-Vadio… – Pensou consigo.
Estava na porta da casa de Marcus, esperou por um tempo e verificou se na casa ainda haviam movimentos, quando achou que estava seguro prosseguiu. Com um clipe abriu a porta cuidadosamente, como já havia estado na casa antes sabia exatamente para onde deveria ir. Se deparou com uma escada e nela subiu cautelosamente, passo à passo e se deparou com um corredor, escuro iluminado pela luz da lua que entrava na casa através de uma janela no fundo do corredor. Os quartos dos pais ficam em baixo, no andar de cima ficam o quarto de hóspedes, o banheiro, o quarto de ferramentas e o quarto de Marcus.
Cuidadosamente utiliza o clipe para abrir a porta, “clic”… então ele entra no quarto e vê Marcus deitado em sua cama, nem desconfia o que o espera. Tira sua seringa com sedativo e aplica-a no jovem Marcus que abre ligeiramente os olhos querendo saber o que se passa, mas logo dorme denovo.
Lucius, coloca Marcus em um saco com pequenos buracos que permitem a respiração e o leva para fora da casa sem fazer barulhos, atravessa a rua e o coloca na mala do carro e a fecha. Volta à casa e fecha todas as portas e apaga indícios de que esteve alí, fazendo parecer com que o jovem Marcus tivesse apenas saído de casa.
De volta ao carro, dirige até o destino: um galpão vazio há décadas que ninguém mais frequenta. Lá, tira Marcus da mala do carro e o leva para uma sala especial, onde há uma bela “recepção”, como das outras vezes, mas com algumas diferenças. A sala está coberta pelos plásticos que vedam qualquer chance de respingos de sangue ou de qualquer outra coisa que possa o incriminar. Luvas, roupas de ‘açougueiro’ e máscara, estava devidamente trajado como um carrasco, mas cuidadoso.
Espera até que Marcus acorde, sim, acordou… Marcus abre lentamente os olhos e se sente perturbado com a luz que o ofusca o local, lentamente recobra os sentidos e percebe que está amarrado à uma mesa, algo está errado, Marcus vê Lucius sentado em uma cadeira com uma máscara de soldador e diz:
-Lucius? O que faz aqui? Porque estou amarrado à essa mesa? O que é tudo isto?!
-Se trata do local onde o seu destino será selado, de uma vez por todas…
-Como assim ‘selado’? O que você vai fazer?
-Eu vou por um fim em meus problemas…pondo um fim em você…
-O quê?! SOCORRO! Eu sempre soube que você não era normal!! Você é um maníaco, seu psicopata! Me tire daqui!!
-Eu não vou tirar você daí, mas deixo que você grite, afinal ninguém irá ouvir…
-Seu imbecil, a polícia vai te pegar quando a minha família sentir falta de mim!!
-Se não sentiram falta dos outros três, não vão sentir falta de você também…
-Você matou a Lucretia e o…
-Sim, eu os matei…e você vai ser o próximo! Por que não deixamos de conversa e vamos ao trabalho?
Lucius levanta de sua cadeira, põe o algodão na boca de Marcus que tenta se soltar inútilmente e pega uma faca, se posiciona em frente à mesa de modo que fique em pé do lado onde está a cabeça de Marcus, lá, ele faz pequenos cortes em seu pescoço, para indicar ‘hesitação’, típico dos suicídas…e finalmente, corta o pescoço de Marcus, que agora apenas agoniza…
A mesa não era uma mesa comum, era uma mesa que oferecia a brilhante opção de erguer a parte onde estavam presas as pernas de Marcus, de modo com que a mesa ficasse quase horizontal com Marcus nela, revelando debaixo da mesa uma bacia preparada para receber o sangue de Marcus. Naquela hora só restava esperar, o próprio coração de Marcus faria o trabalho de tirar todo o sangue do corpo dele. Tempos depois, Lucius deitanovamente a mesa, de forma que ela volta à sua posição normal e com seu bisturi, escreve a sigla “C.E.” na testa do já morto Marcus. Está consumado.
-…me sinto tão…reconfortado…tão…poderoso…tão…VIVO!
Lucius sente que é hora de focar no que está fazendo e volta à Marcus. Pega Marcus que está em pedaços e o coloca separadamente em sacolas plásticas pretas, e põe uma por uma na mala de seu carro. Volta à cena da ‘arte’ e recolhe todos os plásticos, os amassa e coloca-os dentro de sacolas plásticas pretas e às leva para o carro.
Lucius pega seu carro e sái dalí, no caminho pensa:
-Porque eu sou desse jeito? Porque não sinto que isto é errado, como os outros sentiriam? Remorso…dor…definitivamente estas palavras não constam em meu dicionário…espero que este passageiro sombrio um dia me dê uma boa explicação do ou dos motivos que possam me levar à agir assim…sem sentir…ôco…
Continua…
Por: Valerius, Stella Nebulosa

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