Eis que sua grave e potente voz ecoa pelo grande salão, parecendo murmurarem de medo até as densas colunas de pedra. Os castiçais de ouro com suas velas acesas, como que num sinistro ritual onde diversas forças seriam evocadas remontavam à um período antigo da história ao qual o homem parecia fazer questão de tentar esquecer... Em vão... Do abismo do falso esquecimento surgem as verdades inalteráveis, as verdades que sobreviveram às imposições dos poderosos. Antigas fórmulas em latim, sumério, acádio e aramaico são recitadas e parecem evocar ao local uma assombrosa egrégora de destruição e horror. A egrégora então toma forma, a forma de um homem elegante que, apesar de sua pele clara, traços finos e cabelos compridos de coloração preta, expressa uma absurda força desproporcional à sua aparência física. Estar em sua presença é uma das dádivas do abismo. O conde toma um gole da seiva da vida, escarlate, sangue, e em seguida chama ao homem de traços finos pelo nome de "Imperator Abyssorum" (Imperador dos Abismos) e lhe pede que seja concedida vida eterna. Um leve sorriso se forma de maneira obscura no rosto pálido do elegante homem de traços finos, e em seguida ele apenas levanta as mãos em direção do conde, e todas as sombras do local correm em direção ao mesmo, e o conde se torna negro como a noite.
Um trovão pode ser ouvido, e o conde se encontra gritando, grunhindo e esperneando como um claro sinal de que até o mais obscuro dos homens sucumbe ao poder imolador da escuridão vera. O homem de traços finos e de elegância magna diz: "A diabolo optas. Mihi dat vitam tuam tibique dabo animum aeternum." (Optas pela escuridão. Dá à mim a tua vida, e à ti darei ânimo eterno!). Ah, a ilusão da escolha! Mesmo que o conde obscuro quisesse recusar já não poderia, já tinha seu coração parado de bater e invadido pela escuridão. Agora as sombras e ele entravam em uma comunhão exímia, impossível aos olhos mortais.
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